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Taxa Selic ao Maior Nível Desde 2006 – Entenda os Impactos

Nos últimos dias, a taxa Selic voltou ao centro dos debates econômicos — e com razão. No dia 18 de junho de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu aumentar a taxa básica de juros da economia brasileira de 14,75% para 15% ao ano. Esse é o sétimo aumento consecutivo, o que leva a Selic ao maior patamar desde julho de 2006.

Ainda que o mercado já previsse a possibilidade desse aumento, a decisão reforça um cenário de atenção redobrada. O comunicado do Copom deixou claro que o movimento não se deu por um único motivo, mas por um conjunto de pressões internas e, sobretudo, externas. Neste artigo, você entenderá por que a Selic continua subindo, quais fatores influenciam essa decisão, o impacto disso no seu bolso — e o que esperar para o restante de 2025.

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Tabela de Conteúdos

O que Motivou Novamente o Aumento?

A resposta mais direta está no comunicado oficial do Copom: o cenário internacional permanece desafiador e instável, principalmente em relação à economia dos Estados Unidos. O Banco Central destacou que o ambiente externo “mantém-se adverso e particularmente incerto”, com efeitos diretos nas condições financeiras globais.

Isso se deve, em especial, às incertezas quanto às políticas fiscal e comercial dos EUA, que têm gerado impactos relevantes nos mercados financeiros. Além disso, o Copom mencionou a volatilidade dos ativos internacionais, associada a tensões geopolíticas em alta, o que aumenta o nível de cautela necessário por parte dos países emergentes — como o Brasil.

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Embora o cenário externo seja o principal gatilho neste momento, outras variáveis internas também contribuíram para a decisão do Copom. 

Inflação Ainda Resistente

A inflação brasileira continua pressionada, mesmo diante de uma atividade econômica com sinais de desaceleração. O Banco Central observou que os últimos indicadores apontam dinamismo moderado na economia e no mercado de trabalho, mas que as medidas de inflação — tanto a cheia quanto as subjacentes — seguem acima da meta.

Em 2024, a inflação oficial medida pelo IPCA fechou o ano em 4,83%, ultrapassando a meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). E as expectativas futuras também não são animadoras: segundo o Boletim Focus, a projeção para 2025 é de 5,2%, e para 2026, 4,5% — ambas acima da meta fixada.

Esse desvio exige uma resposta firme do Banco Central, que usa a Selic como instrumento para ancorar expectativas e controlar os preços. Quando a Selic sobe, o crédito encarece, o consumo desacelera e, com isso, a inflação tende a ceder — mesmo que com efeito defasado no tempo.

“O Copom decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 15,00% ao ano, e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, afirmou o comunicado.

Incertezas Fiscais e Percepção de Risco

Outro ponto de atenção citado pelo Copom foi a política fiscal brasileira — ou seja, o modo como o governo administra seus gastos e arrecadações. O Comitê alertou que acompanha com atenção os desdobramentos fiscais e seus efeitos sobre a política monetária e os ativos financeiros.

O motivo? Quando o mercado percebe que o governo está gastando mais do que arrecada, surgem dúvidas sobre a capacidade do país de honrar suas dívidas. Isso aumenta a percepção de risco, pressiona o dólar e pode impulsionar ainda mais a inflação. Nesse ambiente, manter juros elevados é uma forma de preservar a atratividade do Brasil para investidores estrangeiros — que buscam retornos maiores para compensar o risco.

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Como a Selic afeta diretamente o seu bolso?

A Selic não é uma taxa restrita ao universo dos economistas e investidores institucionais. Ela é, na prática, a taxa que baliza todas as demais da economia brasileira. Quando ela sobe, os efeitos são sentidos em diversos aspectos do cotidiano.

Crédito mais caro

Financiamentos de imóveis e veículos, empréstimos pessoais, rotativo do cartão de crédito… praticamente todas as linhas de crédito se tornam mais caras com a alta da Selic. Isso significa que, para quem depende de parcelamentos ou precisa acessar crédito, o custo de endividamento aumenta. O consumo tende a esfriar, e esse é justamente o objetivo da política monetária nesse cenário: conter a demanda e, assim, frear a inflação.

Retorno melhor para quem investe em renda fixa

Por outro lado, quem investe em renda fixa é beneficiado com a alta dos juros. Isso porque produtos como Tesouro Selic, CDBs atrelados ao CDI, LCIs, LCAs e fundos de renda fixa tendem a oferecer rentabilidades mais atrativas nesses períodos.

Se antes a Selic baixa fazia os rendimentos desses ativos parecerem pouco vantajosos, agora o cenário se inverte: eles voltam a ser uma alternativa sólida e segura para quem busca retornos consistentes com baixo risco.

No caso do Tesouro Selic, por exemplo, o investimento acompanha diretamente a taxa básica de juros. O mesmo vale para diversos CDBs oferecidos por bancos e plataformas digitais.

E agora? Os juros devem parar de subir?

Essa é a pergunta do milhão. Por enquanto, o Banco Central ainda não sinalizou com clareza um ciclo de encerramento das altas. Tudo vai depender da evolução de três grandes fatores:

  1. Inflação: se os preços não desacelerarem de forma consistente, o aperto monetário pode continuar.

  2. Política fiscal: se o governo sinalizar maior responsabilidade fiscal, o mercado pode ganhar confiança e permitir espaço para redução de juros.

  3. Cenário internacional: tensões externas ou mudanças nas taxas dos EUA também afetam diretamente a decisão brasileira.

Portanto, ainda não é possível afirmar se os 15% ao ano serão o topo da Selic em 2025. Mas o fato é que, enquanto os riscos persistirem, os juros altos seguirão como uma estratégia de proteção da estabilidade econômica.

Conclusão: a Selic continua sendo o termômetro da economia — e do seu bolso

O aumento da Selic para 15% ao ano não é apenas uma decisão técnica do Banco Central: é uma resposta a um cenário de inflação persistente, incertezas externas e desafios fiscais internos. Para o consumidor, isso significa crédito mais caro. Para o investidor, é uma oportunidade de obter melhores retornos com segurança.

Entender esse movimento é fundamental para tomar melhores decisões financeiras — seja para controlar seus gastos, seja para escolher os investimentos certos no momento atual.

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